REGISTROS, ISSN 2250-8112, Vol. 19 (1) enero-junio 2023

ARK http://id.caicyt.gov.ar/ark:/s22508112/zwa2rqk9n

 

Concreto armado, prelúdio da modernidade

O papel do Grande Hotel na verticalização do Rio de Janeiro

Reinforced Concrete, Prelude to Modernity: The Role of the Grand Hotel in Rio de Janeiro Verticalization Process

 

Maria Cristina Nascentes Cabral

Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil

 

Nina Zonis

Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brazil

 

Resumo

Nas primeiras décadas do século XX, os Grandes Hotéis começaram a fazer parte da paisagem urbana do Rio de Janeiro, abrigando um programa arquitetônico que buscava atender a novas demandas sociais e culturais da cidade que se modernizava. Este trabalho analisa o processo de verticalização da cidade a partir dos principais Grandes Hotéis projetados e/ou inaugurados nas décadas de 1910 a 1930. A partir do estudo de caso dessas edificações e de seus agentes, o objetivo principal é demonstrar como o uso do concreto armado a partir da década de 1910 desenvolveu-se na década seguinte até se configurar como referência internacional da arquitetura moderna brasileira nos anos 1930. Para essa demonstração, o artigo apoia-se na análise dos métodos construtivos, nas trocas internacionais, na formação e atuação dos principais arquitetos e engenheiros na época. O acidente ocorrido durante a construção do The New York Hotel (1917) é apresentado como exemplo da substituição paulatina, da geração pioneira de profissionais de ofícios esquecidos, por engenheiros e arquitetos diplomados que formaram a cultura tectônica moderna do concreto armado.

Palavras-chave: primeira metade do Século XX, cultura tectônica moderna, Antonio Jannuzzi, Emílio Baumgart

 

Abstract

In the first decades of the 20th century, the Grand Hotels were part of the urban landscape of Rio de Janeiro, housing an architectural program that sought to meet the new social and cultural demands of the modernizing city. This work analyzes the verticalization process of the city from the main Grand Hotels designed and/or inaugurated in the decades from 1910 to 1930. From the case study of these buildings and their agents, the main objective is to demonstrate how the use of concrete, from the 1910s, was developed in the following decade until it became an international reference of modern Brazilian architecture in the 1930s onwards. For this demonstration, the article is based on the analysis of construction methods, international exchanges, training and performance of the main architects and engineers at the time. The accident that occurred during the construction of The New York Hotel (1917) is presented as an example of the gradual replacement of the pioneering generation of forgotten crafts professionals, by graduated engineers and architects who formed the modern tectonic culture of reinforced concrete.

Keywords: first half of 20th century, modern tectonic culture, Antonio Jannuzzi, Emílio Baumgart



 

A Babel dos Grandes Hotéis no Rio de Janeiro

O contexto de verticalização da cidade do Rio de Janeiro deve-se em parte à emergência de um novo tipo arquitetônico, o Grande Hotel.1 As reformas urbanas e as grandes exposições, realizadas na então capital federal do Brasil no início do século XX, alavancaram a construção desses novos edifícios que substituíram as antigas estalagens e hospedarias.2 Os novos projetos buscavam se diferenciar do que existia antes na cidade. Até então, a grande maioria das casas de hospedagem ocupavam edificações pré-existentes, não idealizadas exclusivamente para abrigar a função hotel, como sobrados e casas térreas na área central, e mansões e palacetes nos arrabaldes da cidade.

Destinado a uma classe social de alto poder aquisitivo, o Grande Hotel passou a contar não apenas com novas tecnologias construtivas – como ferro, concreto armado, eletrificação, instalações sanitárias, elevadores – mas também se tornou viável por conta do desenvolvimento dos meios de transporte – estradas e ferrovias – que permitiram o acesso de possíveis hóspedes e frequentadores. Assim, deve-se destacar que os Grandes Hotéis eram reconhecidos como um novo signo de consumo de luxo e da modernidade pretendida à época. Esta veio acompanhada do aumento das dimensões das edificações, ao qual se impôs a verticalização, face à exiguidade da cidade comprimida entre o mar e a cadeia de montanhas que configuram a geografia do Rio de Janeiro.

Para a reconstrução histórica dos Grandes Hotéis, da trajetória profissional de Antonio Januzzi e do acidente do New York Hotel, a metodologia de pesquisa recorreu à consulta de publicações de jornais e revistas de grande circulação, e periódicos especializados da época, seja através de consultas presenciais ou virtuais à Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Foi realizada revisão bibliográfica dos temas que estruturam a construção do artigo: o desenvolvimento técnico do concreto armado, a formação e atuação profissional de arquitetos e engenheiros, a história da hotelaria e a história urbana da cidade.

A reconstrução da cena dos Grandes Hotéis na cidade do início do século XX é introduzida pela inauguração do Hotel Avenida no âmbito da Exposição do Centenário dos Portos (1908), considerado um marco na história dos hotéis do Rio de Janeiro. Sua construção está vinculada a um evento legislativo importante – o decreto Nº 1.160, de dezembro de 1907. Como medida pioneira de incentivo fiscal, marcou o início de uma tradição de Grandes Hotéis na cidade:

Em 23 de dezembro de 1907, o Decreto nº 1.160 isentava de todos os emolumentos e impostos municipais, por sete anos, os cinco primeiros grandes hotéis que se instalassem no Distrito Federal, segundo planos aprovados pela Prefeitura. Medida pioneira de incentivo fiscal, constitui o divisor entre o período de implantação da hotelaria no Rio de Janeiro, e sua expansão em busca da encontrada modernidade. (Belchior e Poyares, 1987, p. 60-61)

O Hotel Avenida foi edificado no contexto de pós-abertura da Avenida Central, novo centro de negócios, de socialização e de comércio, atraindo uma série de novos estabelecimentos, que seriam motores de uma nova vida urbana pretendida para a região, como Grandes Hotéis, jornais e lojas.3

Figura 1. Foto da fachada principal do Hotel Avenida. Album da Avenida Central, Avenida Central, 8 de março de 1903 – 15 de novembro de 1906 de Ferrez, M, 1907. Acervo da Biblioteca Nacional

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Figura 2. Hotel Avenida, na Avenida Central. Album Photographias D. Federal 1911-1920, p.37. Acervo da Biblioteca Nacional

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Figura 3. Palace Hotel, na Avenida Central. Álbum da cidade do Rio de Janeiro em comemoração ao Centenário da Independência, 1922, p.36. Acervo da Biblioteca Nacional

 

Também inaugurado na Avenida Central na década de 1910 destaca-se o Palace Hotel, situado do lado oposto e em terreno muito próximo ao Hotel Avenida.4 Segundo Cattan (2003), o Palace Hotel era o prédio comercial mais alto da avenida, com oito pavimentos em seu trecho central. Além da proximidade física, aspectos relacionados ao histórico de suas edificações reforçam a ideia de que ambos disputavam notoriedade na cena dos Grandes Hotéis da cidade. Nesse sentido, vale pontuar que o projeto de Antônio Januzzi & Irmão para o Palace Hotel, aprovado em 1906, propunha um edifício de apenas quatro pavimentos de altura. Uma hipótese possível para o aumento da edificação até o momento de sua inauguração seria o desejo de se destacar e se diferenciar em relação ao vizinho já existente. O Hotel Avenida, por sua vez, também foi acrescido pós-inaugurado, e a edificação se equiparou ao trecho central, com cinco pavimentos.

O entusiasmo sobre o Palace Hotel nas publicações da época era evidente, sendo anunciado como “o primeiro recurso verdadeiramente confortável para o viajante, que nos vai livrar da irritante impossibilidade de receber sem acanhamento um hóspede estrangeiro” (Hotel Guinle...,1912, p. 03). A necessidade da construção de Grandes Hotéis capazes de abrigar os visitantes estrangeiros era um fator recorrente nas notícias sobre os estabelecimentos inaugurados, revelando o desejo de apresentar ao mundo o Rio de Janeiro como uma capital moderna, com um dos três mais importantes portos internacionais, rivalizando com Nova York e Buenos Aires.

Na virada do século XIX para o XX, a presença estrangeira foi definidora dos aspectos conceituais, morfológicos e tectônicos da cidade – bem como do próprio ofício do arquiteto. A primeira escola formadora de arquitetos no país, a Academia Imperial de Belas Artes, fundada a partir da vinda da chamada Missão Artística francesa no século XIX, seguia o modelo francês da École des Beaux Arts de Paris. A arquitetura produzida dentro do sistema Beaux Arts francês, que foi adotada por outros países europeus e exportada para países da América do Sul e do Norte, marcou a cultura artística e arquitetônica oitocentista. No Brasil, o emprego de elementos historicistas no âmbito do ensino acadêmico e da realização local com a presença de profissionais de diversas origens de capacitação e nacionalidades, gerou uma produção que foi denominada historiograficamente de Ecletismo. No entanto, no âmbito do processo de verticalização, e ainda em alguns setores produtivos comerciais, como no caso da hotelaria, percebe-se uma aproximação dos modelos norte-americanos, em seus aspectos mais funcionais e construtivos do que estéticos, o que não representa incongruência estilística, considerando-se que a própria arquitetura norte-americana também era devedora do modelo Beaux Arts francês, conforme os aspectos retomados por Drexler (1975).

No que concerne à presença norte-americana, pode-se destacar o Ritz-Carlton Hotel, inaugurado na Avenida Central, na região que seria posteriormente conhecida como Cinelândia, por lá se localizarem os principais cinemas da cidade pertencentes às cadeias norte-americanas. Foi projetado pela dupla de arquitetos engenheiros norte-americanos, estabelecidos em Nova York, Warren e Wetmore, os mesmos projetistas do Ritz-Carlton da Madson Avenue em Nova York (1911), a partir de investimento de capital londrino através da companhia Rio de Janeiro Hotel Company.5

O edifício foi exaltado pela imprensa, apontando sua superação em relação aos hotéis pré-existentes: “não há exageros nessa adjetivação: o Ritz Carlton do Rio de Janeiro será muito mais majestoso que o Carlton de Londres, que o Ritz de Paris” (Ritz-Carlton…, 1912, p. 01-02).6 Dessa forma, é inevitável sublinhar o que esse empreendimento significava à época: um Grande Hotel capacitado a partir das chancelas inglesa, francesa, e norte-americana, esta última responsável por introduzir uma série de novas comodidades e novo patamar de conforto. Com investimento de capital inglês, o Ritz-Carlton local simbolizava equiparar o Rio de Janeiro a Paris, Londres e New York, e o Brasil à França, Inglaterra e Estados Unidos, as grandes potências da industrialização (Zonis, 2021).

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Figura 4. Projeto para o Ritz-Carlton Hotel. Gazeta de Notícias, 36(154), p. 02. Acervo da Biblioteca Nacional

O empreendimento foi anunciado como o maior hotel da América do Sul, com um total de quinhentos aposentos, oito elevadores e um terraço na cobertura do edifício. Teria onze pavimentos – coroamento e torres chegando a treze pavimentos – e altura de aproximadamente cinquenta metros, sendo equiparada à altura média do Morro do Castelo, ainda existente na cidade. Enquanto o Hotel Avenida tinha altura máxima de trinta e quatro metros e um comprimento de fachada de sessenta metros, o novo Ritz-Carlton teria setenta e cinco metros de extensão.

As comparações entre o Ritz-Carlton e o Palace Hotel de Eduardo Guinle, que acabara de ser concluído em terreno extremamente próximo, apareciam em periódicos brasileiros e estrangeiros: “o edifício que ocupará uma área de quatro mil metros quadrados, será muito maior que o ultimamente construído ali próximo pelo Sr. Guinle.” (Está em terra…, 1912, p. 01). Os dois edifícios não eram tão distantes no número de pavimentos, mas o Palace Hotel contava com cerca de 250 quartos e o Ritz-Carlton teria o dobro de acomodações. Essa diferença explica-se não pela altura, mas na projeção das edificações, considerando-se a distinta realidade dos dois terrenos em questão. Em terreno amplo, o Ritz-Carlton Hotel apresenta horizontalidade do edifício, ao passo que no terreno mais restrito do Palace Hotel foi gerada uma volumetria mais cúbica. No entanto, o Ritz-Carlton Hotel não foi construído por que a empresa inglesa responsável pelo empreendimento suspendeu as negociações no ano de 1913 (Zonis, 2021).

Ainda assim, o ano de 1912 foi pródigo no que se refere à perspectiva do setor hoteleiro. Além da inauguração do Palace Hotel e do projeto do Ritz-Carlton, foi apresentado outro Grande Hotel para a área central da cidade, também não construído. Hermann Fleuiss idealizou um edifício que funcionaria como uma estação-hotel para a Estrada de Ferro Central do Brasil, na Praça da República, local de importante centralidade e conexão desde o período colonial.7 A edificação surpreende pela escala pretendida com vinte e dois pavimentos, aproximadamente, centro e quarenta metros de altura. Supõe-se que o engenheiro tenha pensado no projeto com estrutura metálica, inspirado em edificações em altura norte-americanas, e não em concreto armado, uma vez que naquele momento, no Brasil, a experiência com o concreto armado na construção civil ainda era embrionária. A tecnologia do concreto armado no Brasil somente se especializou na década seguinte, passando a ser reconhecida mundialmente a partir da atuação de profissionais como o engenheiro Emílio Baumgart, responsável pelo cálculo estrutural do maior arranha-céu de concreto armado do mundo quando inaugurado em 1929, o Edifício A Noite, com vinte e dois pavimentos.

Há um grande hiato entre o que foi construído de fato na área central da cidade: Hotel Avenida (1908, com 5 pavimentos) e Palace Hotel (1912, com 8 pavimentos); e o que foi projetado, mas não edificado: Ritz-Carlton Hotel (1912, com 11 pavimentos) e Estação-hotel da Estrada de Ferro Central do Brasil (1912, com 22 pavimentos). Essa defasagem entre o possível (edificado) e o imaginado (não edificado) explica-se fundamentalmente pelas possibilidades construtivas à época, tanto materiais quanto profissionais. Como são os erros que fazem avançar as grandes descobertas, trataremos a seguir do caso do New York Hotel, que sob nosso ponto de vista representa um significativo exemplo da mudança paulatina no quadro de profissionais atuantes na cidade. 8

 

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Figura 5. Projeto para estação-hotel da Estrada de Ferro Central do Brasil, com 22 pavimentos (1912). A Engenharia, 01(03), p.29. Acervo da Biblioteca Nacional

 

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Figura 6. Edifício A Noite, na Praça Mauá, c.1930. Acervo da Biblioteca Nacional

O acidente do New York Hotel

Rio de Janeiro, 07 de junho de 1917. Um acidente de grandes proporções causado pela queda no içamento de uma viga metálica pôs abaixo um edifício de seis pavimentos em construção, resultando na morte de mais de quarenta operários. O edifício era o New York Hotel, que estava sendo erguido pela firma Antonio Jannuzzi, Filhos & Cª, entre as maiores e mais reconhecidas construtoras da cidade do Rio de Janeiro na época. Para analisar as causas do desastre, foi iniciado um inquérito, acompanhado por uma comissão de engenheiros da prefeitura.9

O acidente ocupou as capas dos jornais e revistas da época, e dentre as reportagens publicadas, destacam-se as declarações de profissionais envolvidos na construção. O depoimento de Antonio Januzzi prestado ao delegado foi transcrito na íntegra em diversos periódicos e é peça fundamental para a reconstrução do caso. Jannuzzi apontou que o projeto original para o edifício havia sido apresentado pelo proprietário do terreno para que sua firma participasse em concorrência particular para a construção edilícia. Segundo ele, realizou apenas algumas “modificações quanto à estética do prédio por ser a primitiva muitíssimo simples”, (O desmoronamento…, 1917, p. 05) e apresentou o projeto à prefeitura como requerente, da qual obteve aprovação para a construção.10

Jannuzzi relatou que durante a execução, aprimorou diversas cláusulas técnicas do contrato para garantir maior rigidez à edificação: redefinindo o embasamento para concreto, modificando a composição da argamassa, e aumentando a espessura das alvenarias, ainda que tais providências contrariassem o contratante. Este, por sua vez, propôs o aumento das áreas dos cômodos, e a adição de mais um pavimento ao edifício, propostas às quais os construtores se opuseram. Em sua defesa, Jannuzzi afirmou não ter havido nenhum erro de projeto ou em sua execução, respaldando-se na exaltação da experiência e competência de sua empresa.11

O acidente deu-se a partir do içamento ao último pavimento do edifício, de uma viga metálica de nove metros de comprimento, pesando cerca de 1.200 quilos. No início da manhã daquele dia, o elemento estrutural estava sendo erguido por um guindaste quando o gancho que o sustentava se rompeu, fazendo com que a viga caísse de uma altura elevada, e atingisse obliquamente uma das vigas mestras do primeiro pavimento. Esta, por sua vez, estava apoiada perpendicularmente em um mainel do andar térreo que não resistiu ao choque e se deslocou, provocando o desabamento da obra. Segundo Antonio Jannuzzi, a fatalidade foi a viga ter caído no ponto em que caiu, uma vez que os mainéis do edifício teriam capacidade de suportar carga ainda maior do que a estabelecida. A construção era de natureza mista, isto é, estava sendo executada com as fundações e embasamento em concreto armado, com parte de sua estrutura metálica, e com alvenaria de tijolos, sem que houvesse amarração entre as partes.

 

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Figura 7. Em reportagem, projeto do New York Hotel sendo comparado a hotéis da metrópole norte-americana (1916). Revista da Semana, 17(39), p. 29. Acervo da Biblioteca Nacional

A imprensa especulou sobre a baixa qualidade do material empregado na construção e essa possível correlação com o acidente. Um dos peritos responsáveis pela análise teria julgado que os tijolos utilizados não teriam qualidade atestada para garantir segurança ao edifício (O desmoronamento..., 1917). Os tijolos foram produzidos pela Fábrica Santa Cruz, uma das maiores e renomadas olarias à época, e entre as poucas aceitas pela prefeitura do Rio de Janeiro e pelo governo federal em concorrências oficiais.12 De fato, a qualidade dos tijolos era controversa, alguns contestavam e outros aprovavam. Anos antes, em 1911, o respeitado arquiteto espanhol Adolfo Morales de los Rios já apontava a qualidade dos tijolos produzidos pela olaria (Mestres, Architectos, 1911).13 Uma das hipóteses seria que, com o desenvolvimento da construção na cidade e o contínuo fornecimento da fábrica vinculado às exigências do poder público, a firma estaria sobrecarregada e, assim, o material produzido poderia ter perdido em qualidade. Por fim, o julgamento final do caso não constatou que os tijolos empregados teriam sido a causa para o desabamento da construção.

O inquérito foi encerrado com a absolvição de Antonio Januzzi e sua empresa. A comissão de engenheiros avaliadores do caso, ao analisar os pormenores da execução da obra, entendeu que o desastre foi ocasionado por um acidente imprevisto da queda da viga, e não por imperícia no processo de construção do edifício. Assim, os construtores não foram enquadrados no Art. 297 do Código Penal, ou seja, não foram culpados por homicídio.14

Ainda que não tenha sido culpabilizado pelas mortes ocorridas, nem que haja perdido a autorização para atuar como construtor, o acidente afetou substancialmente a carreira de Antonio Jannuzzi, bem como a saúde financeira de sua empresa. O contrato firmado com o proprietário, o Sr. Manoel José de Magalhães Machado, previa que se o edifício desabasse dentro de um ano, o construtor teria de reconstruí-lo por sua conta. Assim, em janeiro de 1919, no terreno onde antes desabara o New York Hotel, foi inaugurado o Rio Hotel com sete pavimentos de altura, um a mais do que o proposto anteriormente. É importante destacar que as notícias de inauguração do novo estabelecimento buscavam se distanciar dos acontecimentos passados – as reportagens não apenas não mencionavam a tragédia ocorrida em 1917, como também eram carregadas de entusiasmo e elogios.

 

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Figura 8. À direita ao fundo na foto, o Rio Hotel, na Praça Tiradentes, c.1920. Acervo do Instituto Moreira Salles

 

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Figura 9. Notícia de inauguração do Rio Hotel. Fon Fon (1919), 13(02), p. 32. Acervo da Biblioteca Nacional

No entanto, muitas matérias veiculadas na imprensa à época do desastre comoveram a opinião pública em torno do caso. As reportagens, além de tratarem de questões da segurança da obra em si e das possíveis causas do acidente, relataram o decorrer do inquérito, assim como a morte dos operários e o acompanhamento do quadro clínico dos feridos hospitalizados.15 Muitas matérias fizeram uso de imagens dos corpos sendo removidos do local do desastre e dos caixões nos velórios das vítimas. Não foi confirmado, a partir das fontes consultadas, se Antonio Jannuzzi foi obrigado judicialmente a indenizá-las, mas assim o fez, conforme deliberado pela maioria dos acionistas da firma.16 Nesse sentido, anos mais tarde, em 1919, no contexto de ascensão dos movimentos trabalhistas no país, entrou em vigor um decreto que estabelecia a responsabilidade do empregador de indenizar o trabalhador ou sua família, em caso de acidente de trabalho.17

 

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Figura 10. Capa de periódico reportando a tragédia do desabamento do New York Hotel (1917). O Malho, 770, p. 01. Acervo da Biblioteca Nacional

Nossa hipótese é que o acidente possa ter impulsionado e revelado conflitos e transformações que já estavam em curso na cidade e na sociedade. Assim, por mais que não se possa afirmar que a legislação trabalhista tenha sido aprovada por conta do caso do New York Hotel, acredita-se que o porte e a dimensão do acidente talvez tenham precipitado essa decisão, por consideração à opinião pública. O infortúnio causado pelo acidente explica o início da decadência da firma de Januzzi, e indica o aparecimento de outros tipos de profissionais e de métodos construtivos empregados no processo edilício da cidade, além da própria transformação da indústria hoteleira do Rio de Janeiro.

Antonio Jannuzzi (1855-1949) era italiano, nascido em Fuscaldo na Calábria, e chegou ao Rio de Janeiro em 1874, após estadia de quase três anos no Uruguai, onde trabalhou como lustrador de mármore e mestre de obras. Oriundo de uma família de artesãos, seu pai Fioravante Jannuzzi foi um experiente construtor com numerosas construções civis e de estradas nas províncias da Calábria e Basilicata na Itália. Antonio não tinha formação acadêmica nas Belas Artes nem em Artes e Ofícios, apenas conhecimento prático adquirido da tradição familiar. Ao chegar no Brasil, Antonio foi contratado sob supervisão do Engenheiro Januário Candido de Oliveira para a construção dos Planos inclinados de Santa Teresa e da Rua Paula Mattos, tarefa que não era trivial para a época. Consta em 1875, a formação de sua primeira empresa Antonio Jannuzzi, Fratello & Cia., com seu irmão Giuseppe, à qual se juntaram outros irmãos Francesco, Camilo e Michelangelo, que aportaram na cidade entre 1881 e 1892, todos sem formação acadêmica (Hermes, 2012).

Da década de 1890 até 1930 a empresa realizou 2.500 obras entre variados programas como edifícios públicos, estações de trem, hospitais, igrejas e predominantemente habitações para diferentes classes sociais. No ano do acidente do New York Hotel, em 1917, Antonio Jannuzzi já havia construído cerca de duas mil obras, incluindo-se o Palace Hotel (1912) com oito pavimentos. Na passagem do século, foi a empresa responsável pelo maior número de construções na abertura da Avenida Central (1905), quando foram computados em torno de mil operários em sua empresa. Ainda que de grande vulto para a época, a empresa dos Jannuzzi era familiar, marcada pela presença constante de conterrâneos, mas seus descendentes não deram seguimento contínuo às iniciativas de Antonio. Deve-se destacar que, mesmo após o acidente, Antonio Jannuzzi não deixou de atuar como figura proeminente no círculo da construção civil da cidade. Dentre suas atuações seguintes, é possível destacar a fundação, em 1920, da Associação dos Construtores Civis do Rio de Janeiro, da qual Jannuzzi foi o primeiro presidente. Anos mais tarde, elaborou projeto técnico e financeiro para a construção de casas operárias, vinculado a essa mesma associação. Além disso, sua firma seguiu atuante na construção de importantes edifícios ao longo da década de 1920, como o Hotel Sete de Setembro, inaugurado para a Exposição Internacional em comemoração ao Centenário da Independência do país (1922). No entanto, sua produção já não era tão expressiva, compreendendo aproximadamente vinte por cento do seu total da data do acidente (1917) até o fim da década de 1920.

Sua numerosa produção como projetista e construtor abrangeu o setor socioeconômico como agente produtor da cidade, realizando empreendimentos imobiliários, e não apenas construções. Jannuzzi participou do processo inicial de verticalização da cidade, que aumentou paulatinamente de quatro a oito pavimentos nas duas primeiras décadas do século. Por mais que o próprio Jannuzzi e seus irmãos não tivessem tido formação acadêmica em arquitetura ou engenharia, contavam com engenheiros italianos em sua equipe.18 Contudo, não se pode afirmar com exatidão se os cálculos estruturais eram realizados por funcionários da empresa, pois não há documentos comprobatórios.19

Suas construções, frequentemente erguidas em processos construtivos híbridos, empregavam alvenaria, cantaria, estrutura metálica e concreto armado e eram em geral ricamente ornamentadas segundo o Ecletismo e o gosto à época. No entanto, a década de 1920 foi marcada por novos padrões construtivos, com o desenvolvimento do cálculo estrutural e emprego do concreto armado, e estéticos seguindo as premissas internacionais do Modern Style, posteriormente reconhecido como Arte Déco, que dominará o mercado imobiliário até meados dos anos 1940.20

 

O contexto das novas construtoras e o concreto armado

No Rio de Janeiro do início do século XX, coexistiam figuras de diferentes formações envolvidas na construção civil da cidade. Havia os arquitetos-engenheiros diplomados pela Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), oriunda da Academia Imperial de Belas Artes (1826) que passou por muitas reformas acadêmicas quando da instauração da República (1889).21 Havia também os engenheiros formados pela Escola Politécnica, cujo ensino remonta à Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho (1792). O ensino técnico, fora dos ambientes da ENBA e da Politécnica, só foi instaurado em 1933, pela Escola Técnica de Construção Civil, segundo Rabelo (2011), a primeira escola de construção civil da América do Sul, que tinha como objetivo:

alfabetizar operários, preparar mestres de obras e aperfeiçoar os conhecimentos dos construtores não-formados. (...) A escola era uma reação à melhor capacitação dos operários estrangeiros, principalmente os alemães, que estariam tomando vagas do mercado de trabalho local. (Rabelo, 2011, p.41)

De fato, havia poucos profissionais diplomados pelas escolas da cidade, e havia muitos europeus que vieram em busca de oportunidades profissionais desde fins do século XIX.

As articulações institucionais de classe ocorreram também no início dos anos 1920. Foi apenas no ano de 1921 que os arquitetos criaram suas entidades de organização profissional – a Sociedade Central de Arquitetos (SCA) e o Instituto Brasileiro de Arquitetos (IBA). Ainda conforme Rabelo (2011), as associações se uniram em 1924 a partir da fundação do Instituto Central de Arquitetos (ICA), que passou a se chamar Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em 1936, até os dias atuais. Os engenheiros já estavam organizados em torno de uma instituição desde 1880, por meio do Club de Engenharia, à qual se filiavam também os arquitetos-engenheiros diplomados e os estrangeiros que se fixaram. No entanto, a regulamentação da profissão do engenheiro e arquiteto só ocorreu em 1933, configurando-se um campo relativamente livre para experiências distintas na cidade até o fim dos anos 1920.

A primeira revista dedicada à arquitetura (Revista Architectura no Brasil) foi criada somente em 1921. Na década de 1910, poucas eram as publicações brasileiras que tratavam sobre os edifícios em construção no país. As revistas de engenharia se voltavam, sobretudo, a questões da infraestrutura da cidade, como estradas de ferro, iluminação, abastecimento de água e saneamento, reformas urbanas, etc, como a Revista do Club de Engenharia – importante publicação que teve início em 1887 e que, seguindo a abordagem de sua instituição, pouco tratava das obras de arquitetura.22

Deve-se ressaltar, contudo, um título analisado que destoava dessa abordagem – A Engenharia trazia como uma de suas propostas tratar, como já sugeria seu subtítulo (revista mensal illustrada, dedicada às estradas de ferro, saneamento das cidades, à architectura naval, predial e paysagista), edifícios que estavam sendo erguidos na cidade do Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX. A publicação era amparada por um extenso corpo de consultores técnicos, do qual a firma de Antonio Jannuzzi fazia parte. Os números da revista contavam com artigos de caráter técnico e de discussões em voga no campo, mas também trazia características mais próximas aos jornais e periódicos de grande circulação da imprensa da época com a proposta de dialogar com o público leigo, tal qual o próprio corpo editorial apontava. Ainda que houvesse poucos periódicos nacionais, é importante ressaltar que havia contato dos profissionais locais com periódicos de origem estrangeira, como é possível constatar nos acervos privados remanescentes, bem como nos fundos bibliotecários das principais escolas da época.

A história do início do concreto armado no Brasil, cimento armado, como era designado inicialmente, – por conta dos poucos registros das atividades construtivas à época, apresenta informações divergentes, nem sempre comprovadas. Segundo Vasconcelos (1992), o registro da mais antiga aplicação da tecnologia no país data de 1904, a partir da construção de seis habitações (de 2 pavimentos, cada) em Copacabana, bairro totalmente infra estruturado com luz elétrica, água encanada e esgoto a partir de fins do século XIX. Nos anos seguintes, têm-se notícias da execução de uma série de obras também pioneiras, como o primeiro edifício em cimento armado da cidade de São Paulo, construído por volta de 1908 pelo italiano Francesco Notaroberto e, sobretudo, de diversas pontes ao redor do país. Naquele momento, nas duas primeiras décadas do século XX, os cálculos estruturais das construções em cimento armado no Brasil eram, em sua maioria, desenvolvidos por companhias estrangeiras como a do engenheiro francês François Hennebique e a alemã Wayss & Freytag, uma das maiores construtoras do mundo, com filiais instaladas em diversos países.

A francesa Hennebique teria atuado inicialmente no país, por meio do desenvolvimento de cálculos à distância, mas ao longo dos anos passou a perder seu espaço na América do Sul com a chegada da firma alemã Wayss & Freytag, que deu início à instalação de filiais no continente a partir da cidade de Buenos Aires.23 No Rio de Janeiro, ingressaram na construção civil a partir do contato com o construtor e técnico alemão Lambert Riedlinger, já atuante na cidade desde 1912, e fundador da Companhia Constructora em Cimento Armado, a primeira firma estabelecida no país dedicada ao cálculo, projeto e construção de obras em concreto armado. A alemã Wayss & Freytag associou-se à construtora a partir de 1913 e manteve Riedlinger como diretor técnico da empresa.24

A parceria de Riedlinger com a empresa alemã foi responsável por diversas obras de vulto em concreto armado ao redor do país, fundando sucursais também em outras cidades brasileiras.25 Em 1924, registraram-se oficialmente como Companhia Constructora Nacional S.A., atuante até 1974. Nesse contexto, a firma Wayss & Freytag teve papel fundamental para o rápido desenvolvimento do concreto armado no Brasil. Se inicialmente os cálculos eram realizados por estrangeiros, o intercâmbio de saberes e experiências a partir da instalação da construtora no país impulsionou a formação de especialistas nacionais que, por sua vez, passaram a ser responsáveis por quase todos os cálculos das obras em concreto armado a partir da segunda metade da década de 1920. Em 1925, foi aprovado um novo decreto, o primeiro a regulamentar o uso do concreto armado na cidade, contando com participação dos membros do Instituto Central de Arquitetos em sua elaboração.26

O engenheiro Emílio Baumgart (1889-1943) é considerado o primeiro brasileiro de destaque internacional na construção em concreto armado. Nascido em Santa Catarina, estado no Sul do país reconhecido por uma expressiva imigração alemã, Baumgart tinha o alemão como sua língua materna, o que se configurou como uma vantagem para ser admitido como estagiário na companhia de Riedlinger e Wayss & Freytag, enquanto cursava a Escola Politécnica no Rio de Janeiro. Rapidamente inserido no mercado da construção civil da época, Baumgart diferenciou-se logo pela aliança entre sua prática profissional e sua formação acadêmica. Por um lado, o pragmatismo técnico germânico da firma de Riedlinger e, por outro, o ideário estético francês que era lecionado na Politécnica.27

Baumgart criou o primeiro escritório de cálculo de estruturas em concreto armado no Brasil, em 1925 em sua residência no Rio de Janeiro, tendo sido o principal responsável naquele momento por “preparar realmente os primeiros profissionais do concreto para a vida profissional” (Vasconcelos, 1992, p. 20). Muitos foram aqueles, brasileiros e estrangeiros, que por ali passaram e aprenderam, em um fértil ambiente de trocas culturais.28 Seu escritório, diferentemente da prática de outros engenheiros calculistas envolvidos na introdução do concreto armado no Brasil, contou com um repertório de projetos estruturais advindos da variedade de obras arquitetônicas. Muitos projetos realizados por Baumgart, de edifícios públicos e civis foram-lhe designados por arquitetos, que nele enxergaram um profissional cuja excelência no campo do cálculo estrutural era capaz de unir a arte e a técnica da construção em concreto armado.29 A partir dos anos 1930, Baumgart foi calculista das principais obras da arquitetura moderna no Brasil, entre elas o pioneiro Ministério da Educação e Saúde Pública (1936), e seu nome passou a ser vinculado ao desenvolvimento da engenharia nacional, e indissociável da arquitetura moderna.

A renovação os agentes e a cidade

Além dos arquitetos, engenheiros e construtores envolvidos na construção dos Grandes Hotéis no Rio de Janeiro do início do século XX já mencionados, é importante destacar os agentes empreendedores, responsáveis pela administração dos estabelecimentos e pela encomenda dos edifícios. A maior parte dos principais hotéis e hospedarias, até 1908, eram iniciativas pontuais, sobretudo de estrangeiros estabelecidos na cidade, como explicitado por Belchior e Poyares (1987). Nesse contexto, algumas figuras agiram de maneira mais ampla, operando mais de um único estabelecimento, ou de maneira ainda mais consolidada a partir da criação de companhias hoteleiras atuantes não apenas no Distrito Federal, como a Companhia dos Grandes Hoteis Centraes, e a Companhia Hoteis Palace.30 Enquanto a primeira já estava à frente de uma série de Grandes Hotéis situados em importantes largos ou praças na área central da cidade desde a década de 1910, a segunda foi fundada por Octávio Guinle em 1919 a partir da inauguração do Palace Hotel e ganhou notoriedade na década de 1920, sobretudo em função da fundação do Hotel Copacabana Palace (1923), vinculada à criação da Sociedade Brasileira de Turismo no mesmo ano, que teve o proprietário do hotel, Sr. Guinle, entre seus membros.31

Pode-se dizer que a Companhia Hoteis Palace de fato se consolidou na cena da indústria hoteleira do Rio de Janeiro ao construir o primeiro Grande Hotel balneário atlântico. Encomendado para a Exposição Internacional em comemoração ao Centenário de Independência do Brasil de 1922, as obras do Hotel Copacabana Palace foram concluídas no ano seguinte, em 1923. O edifício foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire, responsável igualmente pela idealização do Hotel Glória (1922), também encomendado para o evento.32

É importante reconhecer que o Hotel Copacabana Palace foi uma edificação representativa da aspiração de transformação da cidade em balneário de luxo, a exemplo dos franceses Nice (Côte d’Azur) e Deauville (Normandia). Com oito pavimentos de altura, destacava-se na paisagem de Copacabana que, no início do século XX, apresentava-se como um imenso areal contando com casas de maior padrão de construção, daqueles que escapavam da densidade de bairros como Flamengo e Botafogo, para onde se dirigiram as classes abastadas. Desse modo, a fundação do Hotel Copacabana Palace e sua presença física foram definidoras na formação do bairro de Copacabana, tornando-se um marco simbólico associado à imagem da cidade.

De todos os hotéis elencados neste panorama, quase todos foram demolidos, ao longo de processos de remodelação urbana operados na área central da cidade entre as décadas de 1940 e 70, em um contexto em que muitos exemplares ecléticos foram substituídos por torres de escritórios e de grandes corporações. O Rio Hotel, construído no lugar do New York Hotel após o acidente, permanece como um mísero sobrevivente que nem de longe evoca a memória do que seria um Grande Hotel. O Hotel Glória está sendo retrofitado para tornar-se um residencial, e o Hotel Copacabana Palace passou por uma renovação recente que guardou todas as suas características originais, mantendo-o como um dos Grandes Hotéis internacionais.

O acidente do New York Hotel com suas quarenta e uma vítimas foi o prelúdio da desintegração de uma geração de profissionais de ofícios que foram substituídos paulatinamente por engenheiros e arquitetos diplomados. A partir dos anos 1920, estes inventaram uma nova tradição no país, a do concreto armado, formando parte de uma cultura tectônica que em menos de duas décadas se constituiu como referência internacional.

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Figura 11. Hotel Glória, na Praia do Russell. Álbum da cidade do Rio de Janeiro em comemoração ao Centenário da Independência, 1922, p. 74. Acervo da Biblioteca Nacional

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Figura 12. Copacabana Palace Hotel, na Praia de Copacabana, c.1930. AGCRJ, Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

 

Agradecimento

Esse artigo foi patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

 

Notas

1As autoras decidiram manter a expressão Grande Hotel do original francês como uma referência histórico-cultural do termo. Suas origens remontam à noção de hotel que designava a residência do rei francês, mas que se generalizou para outros edifícios que fossem mais imponentes do que as demais construções do entorno – como moradias da aristocracia e edificações de caráter público. Muitos nobres franceses não se poupavam de alugar quartos mobiliados de suas residências ou mesmo o hôtel particulier inteiro quando se ausentavam durante algum tempo. As edificações dos Grandes Hotéis construídas a partir do século XIX na Europa ainda guardavam relação com o desejo por luxo, status e conforto, aliando muitos fragmentos socioespaciais do Antigo Regime com a modernidade (Belchior e Poyares, 1987).

2 Entre as principais reformas urbanas ocorridas no início do século XX, destacam-se as administrações dos Prefeitos Pereira Passos (1902-1906) que, entre as principais ações, promoveu a renovação do Porto Marítimo, a abertura da Avenida Central com seu concurso de Fachadas (1905) e uma série de outras ações de modernização e embelezamento; e a de Carlos Sampaio (1920-1922) que demoliu o Morro do Castelo, lugar de implantação original da cidade, em favor da higienização e preparação para a Exposição do Centenário da Independência.

A cidade do Rio de Janeiro contou com duas grandes exposições no início do século XX: a Exposição Nacional comemorativa do Centenário de Abertura dos Portos (1908) e a Exposição Internacional comemorativa do Centenário da Independência do Brasil (1922).

3 O Hotel Avenida estava situado nos nº 152 a 162, ocupando todo o quarteirão. Sua fachada principal media 60 metros de largura, e sua fachada posterior voltava-se para o Largo da Carioca. Contava com 220 quartos, 5 pavimentos de altura (22,85 metros) e torre (34,30 metros), segundo Zonis (2021). Foi projetado por Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá (1838-1915), que nasceu no estado da Bahia e se formou engenheiro-arquiteto pela Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro. Atuou como engenheiro da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, empresa de transportes públicos vinculada ao Hotel Avenida, uma vez que a construção foi realizada conjuntamente com uma estação de bondes da companhia no térreo do edifício (Pereira, 2002).

4 A história do Hotel Palace apresenta contradições em suas datas, mas fato é que o estabelecimento foi idealizado no contexto da abertura da Avenida Central, pelo patriarca da família Guinle, Eduardo Palassin Guinle. A construção teria sido finalizada ainda na primeira metade da década de 1910, mas com a morte de seu idealizador em 1912, ele teria permanecido fechado até o ano de 1919. A inauguração do edifício estava, por sua vez, relacionada à iniciativa de Octávio Guinle – filho de Eduardo –, em sociedade com Francisco Castro e Silva e o barão de Saavedra que, juntos, fundaram a Companhia Hoteis Palace. O Palace Hotel foi projetado por Antônio Januzzi & Irmão (Cattan, 2003).

5 Firma de arquitetura nova-iorquina formada pelos arquitetos Whitney Warren (1864-1943) e Charles Delevan Wetmore (1866-1941). A obra mais famosa do escritório trata-se do Grand Central Terminal na cidade de Nova York (1913), mas os dois arquitetos ficaram notadamente reconhecidos por projetos de Grandes Hotéis.

A Rio de Janeiro Hotel Company surgiu como uma iniciativa da companhia inglesa Carlton Hotel Limited em parceria com o conjunto de companhias brasileiras de estrada de ferro intitulado Brasil Railway. A iniciativa da companhia estrangeira pretendia construir três hotéis no país – no Rio de Janeiro, então Distrito Federal; e no estado de São Paulo, na capital e no litoral de Santos.

6 O hotel Ritz de Paris foi inaugurado em 1898, fundado pela parceria entre o grande chef de cozinha francês Auguste Escoffier e o famoso hoteleiro suíço César Ritz. Este último, conhecido como rei dos hoteleiros e o hoteleiro dos reis, é importante agente para o estabelecimento de um serviço de qualidade e de requinte na hotelaria comercial ao redor do mundo. Em Londres, o hotel The Carlton foi inaugurado no ano de 1899. (Spolon, 2014).

7 Hermann Fleuiss é descrito na revista A Engenharia como “engenheiro civil e architecto, director do Instituto Commercial, membro de várias instituições sábias, autor de importantes projetos, etc.” (Corpo de consultores…, 1912).

8 Além dos Grandes Hotéis estabelecidos na área central da cidade, deve-se pontuar a primeira iniciativa de vulto voltada para os arrabaldes do então Distrito Federal – dentre eles, o que se conhece hoje como Zona Sul da cidade e sua orla. Na Praia do Flamengo, foi inaugurado em 1916 o Hotel Central, administrado por Martha Niederberger, uma empresária austríaca, e seu marido. O responsável pela construção do edifício foi o alemão Lambert Riedlinger, figura importante na difusão do concreto armado no Brasil, como será aprofundado adiante. O Grande Hotel, assim, erguido em cimento armado, contava com cinco pavimentos e cúpula, mais terraço utilizável pelos hóspedes na cobertura, espaço amplamente explorado, de onde se descortinava uma deslumbrante vista para a Baía de Guanabara. As propagandas do Hotel Central exaltavam o banho de mar à porta da hospedagem, outra iniciativa da proprietária do estabelecimento que nos revela a busca pela incorporação, no Rio de Janeiro, da cultura do balneário, que será mais amplamente explorada a partir da inauguração, anos mais tarde, do Hotel Copacabana Palace (1923). (Segawa, 2018)

9 As notícias apontavam o edifício ora como New York Hotel, ora como York Hotel. De todo modo, é consenso a referência à metrópole norte-americana homônima.

10 Entre os títulos consultados estão: Jornal do Brasil; Gazeta de Notícias; A Época; O Imparcial, Diario Illustrado do Rio de Janeiro; A Noite; A Razão; A Rua, Semanario Illustrado; O Malho; etc. As buscas foram realizadas através do portal online de periódicos Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional, por ocorrências entre os anos de 1910 e 1919.

11 No contrato e nos desenhos técnicos, as paredes dos 1º, 2º e 3º pavimentos estavam previstas com 50cm de espessura. Na obra, foram executadas com 60cm. No caso dos 4º, 5º e 6º pavimentos, previstas com 35cm; e executadas com quase 50 cm.

12 Além da Fábrica Santa Cruz, com olaria situada à Ilha do Governador, é apontada também a firma Porto Rosa (aparece como Santa Rosa em alguns relatos), situada em São Gonçalo, Niterói, como únicas aceitas pela Prefeitura para obras públicas, embora houvesse muitas outras no mercado.

13 Adolfo Morales de los Rios (1858 - 1928) nasceu em Sevilha na Espanha. Projetou 17 edifícios na Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, dos quais restam apenas 2 - a sede da Escola Nacional de Belas Artes (atual Museu Nacional de Belas Artes) e o Supremo Tribunal Federal (atual Centro Cultural Justiça Federal) (Cabral e Paraizo, 2018).

14 “Art. 297. Aquele que, por imprudência, negligência ou imperícia na sua arte ou profissão, ou por inobservância de alguma disposição regulamentar cometer, ou for causa involuntária, direta ou indiretamente de um homicídio, será punido com prisão celular por dois meses a dois anos.” (Código Penal dos Estados Unidos do Brazil, de 1890).

15 Dos 63 operários que compareceram à obra no dia do acidente, 41 morreram com o desabamento da construção. (Ecos do desmoronamento…, 1917).

16 As seguintes ações foram deliberadas pela firma Antonio Jannuzzi, Filhos & C.: custeio das despesas de enterros e serviços funerários; de tratamentos hospitalares e médicos, concedendo salário desde o dia do acidente até o momento em que estiverem em condições de trabalhar novamente; pagamento de salário às famílias, cujos chefes foram vítimas do acidente, durante um ano (O desabamento…, 1917).

17 Decreto 3.724, de 15 de Janeiro de 1919.

18 Na equipe do New York Hotel (1917), atuou o engenheiro Lavagnino, empregado pela firma. Os funcionários à frente da construção também eram italianos, como o contra-mestre responsável pela obra, Nicola Tamburro.

19 O projeto para a construção do New York Hotel bem como seu acidente não foi encontrado nos principais arquivos públicos: Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (AGCRJ); Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), Arquivo Nacional; Acervo do Cadastro Técnico da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE).

20 Modern Style era o termo empregado durante os anos 1920 para designar o que posteriormente foi reconhecido como estilo Arte Déco. Apesar da presença pioneira de Gregori Warchavchik em fins dos anos 1920, a arquitetura moderna no Brasil despontará a partir dos anos 1930.

21 Para conhecer as diversas reformas do ensino, ver: Uzeda (2006).

22 A pesquisa analisou outras publicações como a Revista de Engenharia (publicação fundada pelo engenheiro Francisco Picanço); a Revista do Instituto Polytechnico Brazileiro e das Obras Públicas do Brazil (ou Revista da Escola Polytechnica); e a Revista Brazil-Ferro-Carril.

23 A firma alemã abriu sua filial na Argentina em 1909 em decorrência de um contrato para a construção de armazéns e edifícios da alfândega de Buenos Aires. No ano de 1922 recebeu a denominação de Sociedad Anonima Wayss & Freytag, Empresa Constructora (Fonseca, 2016).

24 Pode-se afirmar que se não estivesse aliado a uma companhia internacional de grande poderio econômico, Riedlinger não teria tido tamanho destaque como construtor. Além de Riedlinger, também destacaram-se naquele momento outros profissionais, como o húngaro Wilhelm Fillinger, formado em arquitetura na Escola de Artes e Ofícios de Viena (em São Paulo, atuou como calculista  construtor em parceria com o escritório do arquiteto Ramos de Azevedo e para os arquitetos Samuel das Neves e Christiano Stockler das Neves, os mais renomados na época naquela cidade); e o engenheiro alemão Franz Kaindl (trabalhou na firma de Riedlinger e abriu seu próprio escritório de cálculo em 1933) (Vasconcelos, 1992).

25 Entre seus principais projetos, vale apontar: no Rio de Janeiro, o Hotel Central (já demolido, na Praia do Flamengo), o Hotel Glória e o Hotel Copacabana Palace; em São Paulo, o Hotel Esplanada e o edifício da Cia. Antártica Paulista; em Alagoas, a Ponte da Capela e; no Recife, a ponte Maurício de Nassau (Fonseca, 2016).

26 Decreto 2.087, “Regulamento de Construções, Reconstruções, Acréscimos e Modificações” de 1925, foi substituído em 1935 pelo Decreto 5.595 “Novo Regulamento de Construções''.

27 Naquele momento, as duas maiores politécnicas do país (do Rio de Janeiro e de São Paulo) não contavam com disciplinas voltadas ao ensino do concreto armado. Fato é que, em pouco tempo, Baumgart passou a contar com mais experiência prática em concreto armado do que seus professores (Fonseca, 2016).

28 Entre os profissionais, estão: o norueguês Rolf Schjödt (um dos responsáveis pela divulgação da obra de Baumgart em revistas alemãs e americanas), Antônio Alves de Noronha, Paulo Rodrigues Fragoso, Lobo Carneiro, Sergio Valle Marques de Souza, Arthur Eugênio Jermann, etc.

29 O escritório de Baumgart participou de projetos em parceria com nomes como Joseph Gire, Affonso Eduardo Reidy, Lucio Costa, Oscar Niemeyer, etc.

30 As duas companhias descritas adiante aparecem no Almanak Laemmert do ano de 1922, na seção Hoteis. Considerado o primeiro almanaque a ser publicado no país, em 1844, o título é um importante registro e fonte para pesquisa da história da cidade do Rio de Janeiro.

31 A Companhia dos Grandes Hotéis Centraes, além de responsável pelo já mencionado Hotel Avenida (Largo da Carioca, 1908, com 5 pavimentos) também estava à frente dos seguintes edifícios inaugurados naquele momento: Fluminense Hotel (Praça da República, 1912, com três pavimentos e torre); Rio Palace Hotel (Largo São Francisco de Paula, 1915, com cinco pavimentos); Rio Hotel (Praça Tiradentes, 1919, com sete pavimentos) – cujo processo de construção será explorado na próxima seção –; e Hotel Vera Cruz (arredores da Praça Tiradentes, 1922, com cinco pavimentos) (Zonis, 2021).

A iniciativa de Octávio Guinle vai de encontro com outras ações empresariais da família Guinle – família tradicional da elite financeira e social do Rio de Janeiro – que custeou uma série de edificações habitacionais e institucionais importantes, assim como participou de operações urbanas de construção da cidade.

32 Joseph Gire (1873-1933) nasceu em Puy-en-Velay, França. No Rio de Janeiro, foi na década de 1920 que foram inaugurados alguns dos edifícios de sua autoria que dominaram a paisagem da cidade por alguns anos, como: os dois importantes hotéis de luxo mencionados – Glória Hotel (1922) e Copacabana Palace Hotel (1923) – e os edifícios Praia do Flamengo e A Noite, com Gastão Bahiana – este último o mais alto edifício em concreto armado à época. Tratam-se, assim, de marcos no processo de verticalização da cidade (Cabral e Paraizo, 2018).


 

Referências

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Cabral, M. C., & Paraízo, R. C. (2018). Presença Estrangeira. Arquitetura no Rio de Janeiro. 1905-1942 (1a edição). Rio Books.

Cattan, R. (2003). A Família Guinle e a Arquitetura do Rio de Janeiro: Um capítulo do ecletismo carioca nas duas primeiras décadas do novecentos. PUC-Rio.

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Decreto, Nº 3.724 (1919). https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-3724-15-janeiro-1919-571001-publicacaooriginal-94096-pl.html

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Está em terra o convento da Ajuda – o que vai ser feito ali – a Rio de Janeiro Hotel Company – duas novas ruas. (1912, abril 20). A Noite, 02(239), 01.

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O desmoronamento do ‘York-Hotel’ – o tijolo como pivot da questão que se agita em torno do triste caso…. (1917, junho 10). A Rua, 156, 02.

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Maria Cristina Nascentes Cabral

Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com estágio de Pesquisa (2001) na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris, na França. Pós-doutorado no IPRAUS/AUSser, na École nationale supérieur d'architecture Paris-Belleville. Professora associada no Departamento de História e Teoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e docente permanente do Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROURB). Grupo de Pesquisa Arquitetura Cidade e Cultura, Departamento de História e Teoria, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Avenida Pedro Calmon 550, sala 521 PROURB, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ, 21.941-901, Brazil.

 mariacristinacabral@fau.ufrj.br

https://orcid.org/0000-0002-6997-2284

 

Nina Zonis

Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestranda no Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROURB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Grupo de Pesquisa Arquitetura Cidade e Cultura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Avenida Pedro Calmon 550, sala 521 PROURB, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, RJ, 21.941-901, Brazil.

ninazonis@gmail.com

https://orcid.org/0000-0002-2312-5776