Arquitetura da desigualdade
As dependências das trabalhadoras domésticas nos apartamentos de Curitiba (1927–1972)
Palabras clave:
apartamento, desigualdade, gênero, raçaResumen
Este artigo investiga como valores de gênero, raça e classe se manifestavam nas normativas urbanas e arquitetônicas de Curitiba, reverberando nas plantas arquitetônicas de um conjunto de edifícios construídos durante o período de 1927 a 1972. O foco central da discussão está na configuração das chamadas “dependências de empregada”, quarto e banheiro destinados às trabalhadoras domésticas. Para isso, foram analisados o Código de Obras de 1919 e o Código de Obras de 1953, em conjunto com as plantas arquitetônicas de 89 apartamentos e anúncios publicitários veiculados no jornal Gazeta do Povo. Essa triangulação de dados permitiu compreender a articulação entre configuração física, marcos legais e discursos sociais em torno da habitação e do trabalho doméstico. Como resultado, a pesquisa evidencia como o espaço físico da habitação foi projetado para separar, vigiar e subalternizar as trabalhadoras domésticas. Argumenta-se que essas dependências funcionam como dispositivos espaciais que corporificam e atualizam dinâmicas herdadas do regime escravocrata, ressignificadas e legitimadas pelo urbanismo moderno e pelo mercado imobiliário.
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